Na semana passada o Netflix adicionou no seu acervo brasileiro o mais novo filme de Quentin Tarantino: Os oito odiados. Os que me conhecem pessoalmente sabem que eu acho que ele é um diretor de muitos altos e baixos,mas não duvido da sua capacidade como diretor e sempre assisto seus filmes mesmo não gostando de alguns. Então como eu gostei muito de sua última obra de Western (Django:Unchained - 2012) resolvi assistir o filme e tive uma grata surpresa.
De uma maneira bem resumida o filme conta a história de um caçador de recompensas que leva uma fugitiva a justiça e acaba ficando preso em uma pequena estalagem com 8 pessoas devido a uma nevasca. Um roteiro aparentemente simples mas que,como bem dito por Gabriel Gaspar (criador do canal "Acabou de acabar") se torna mais denso pois é dividido em duas camadas. Eu diria que ele é dividido em dois planos onde o primeiro é a história explicita e um não tão perceptível atrás dele que vai pela interpretação de quem assiste.
Mas o que posso relatar antes de esmiuçar o enredo é que é um filme que vale a pena assistir mesmo sendo cadenciado,tal qual "Cães de Aluguel". Suas história tem um bom desfecho e atuações memoráveis como a de Jennifer Jason Leigh (indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante) e Samuel L. Jackson. E,para mim,foi o melhor filme de Quentin Tarantino com a fotografia aprimorada pela pouca utilização de refletores e fazendo uso maior da neve,personagens bem construídos e roteiro alinear maravilhoso.
NOTA:10
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Por trás desse roteiro eu pude perceber algo pela escolha dos personagens,todos escolhidos a dedo por serem elementos muito presentes nos Estados Unidos. O negro,o fazendeiro,o militar,o xerife,o mexicano,o europeu,a mulher e o americano branco. No filme, John Ruth(Kurt Russel) que leva sua prisioneira Daisy Domergue (Jennifer Jason Leigh) para a cidade de Red Rock só que se vê obrigado a parar numa vendinha levando consigo o Xerife Chris Mannix (Walton Goggins) e o outro caçador de recompensas,o negro Major Marquis Warren (Samuel L. Jackson) devido a nevasca que atinge a montanha. Lá dentro estão os outros personagens diversos entre si e que trocam constantemente insultos entre si. A segunda camada é colocada a primeira vez quando um deles propões a divisão da cabana entre norte e sul associando diferentes partes como estados e ai fica claro que a cabana são os Estador Unidos.
Algo que chama bastante atenção são as constantes agressões sofridas pela personagem feminina pelo homem branco americano onde o negro expressa espanto e o agente da lei simplesmente negligencia. Isso poderia representar uma metáfora para a opressão feminina sempre acorrentada ao homem branco,dependente dele e sujeita sempre a diversas agressões ignoradas pela lei,o que demonstra os valores machistas e patriarcais da antiguidade que muitas vezes se arrastam até hoje.
É valido também citar a parte em que o Major Marquin Warren mata o veterano de guerra Sanford Smithers (Bruce Dern) ex-gerneral e antes conta a sua cruel história de como assassinou friamente o seu filho abusando sexualmente dele como uma parte de vingança contra os atos de escravidão. As longas caminhadas impostas ao filho do general a crueldade e o abuso se assemelha aos métodos de escravidão antes da Guerra Civil americana.Além disso a carta de Lincon para o negro Warren poderia significar uma importância dos cidadão negros da América para ele,que previu muitos direitos para eles.
E por fim,o fim trágico para todos os personagens - que morrem ao fim da trama - aparenta demonstrar como a discórdia,o preconceito e os discursos de ódio dentro dos Estados Unidos resultarão na morte dos cidadãos da nação. Algo também poderia ser entendido quando os personagens deixam para trás a imagem de cristo crucificado no início do filme,porém é algo que acho menos provável pelo diretor ser Quentin Tarantino.
E ai? Deixei passar algo? Teve alguma interpretação que não tive? Comente aqui embaixo e dê sua opinião sobre o filme.
Atenciosamente,Gigante Gentil.
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